A necessidade de revogação da reforma trabalhista de 2017, combate ao desemprego e à inflação marcaram os debates no plenário da Câmara, durante a comissão geral realizada nesta terça-feira (3) em homenagem ao 1º de Maio.
O evento reuniu parlamentares, representantes de sindicatos de trabalhadores, juízes e procuradores do Trabalho para debater o atual cenário de desemprego, informalidade, aumento das desigualdades e a falta de perspectivas do mundo do trabalho no Brasil.
Segundo o vice-líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), o Dia do Trabalhador sempre foi uma data para comemorar avanços nas conquistas dos trabalhadores, mas que não é esse o caso deste ano.
“Não há o que comemorar, há o que se denunciar com veemência: o desmonte que os trabalhadores estão vivenciando. Daí os protestos no Dia do Trabalho pela revogação das reformas trabalhista e da Previdência”, disse.
“O trabalho intermitente, a precarização, a uberização de tantas atividades por aí levam os trabalhadores a se escravizarem em jornadas intermináveis sem uma remuneração equivalente e sem a proteção de direitos. Os trabalhadores são vítimas do desemprego generalizado num patamar que se estabiliza há anos sem que haja qualquer sinalização de incorporação ao mercado de trabalho, especialmente para os mais jovens”, acrescentou.
Carestia
Para o metalúrgico Assis Melo, presidente do sindicato da categoria em Caxias do Sul (RS) e dirigente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), os trabalhadores vivem momentos muito difíceis, com inflação alta e arrocho salarial.
“A inflação tira o poder de compra do salário e o desemprego também é uma realidade em vários lares do nosso país. Por isso, neste momento de reflexão sobre o 1º de Maio temos a convicção de que é preciso construir um projeto de desenvolvimento que se preocupe com a valorização do trabalho e a geração de emprego de qualidade”, afirmou.
Valéria Morato, presidente da CTB Minas, destacou que os trabalhadores foram às ruas no 1º de Maio protestar por emprego, contra a carestia, em defesa da democracia e direitos.
Ela denunciou que milhares de pessoas estão sem emprego e o salário de quem consegue uma vaga cai todo mês com a inflação cada vez mais alta. “Grande parte das famílias em situação de pobreza são constituídas por mulheres de baixa renda, que sustentam seus filhos sozinhas e não podem contar com serviços públicos, que estão cada vez mais precarizados”, disse.
“O povo está sem perspectiva de trabalho e tem sofrido a cada dia, na impossibilidade de pagar pelo gás de cozinha. É fundamental a luta por direitos e pela vida, pela recuperação e reconstrução do país. Somente com um projeto desenvolvimento com geração de emprego decente, com salário que assegure aumento real, com investimento em políticas públicas e valorização do trabalhador nós teremos um país mais justo para todos”, observou.
Precarização do trabalho
A sessão especial foi solicitada pelo deputado Bohn Gass (PT-RS), que também defendeu a revogação da reforma trabalhista. “O que vejo é retrocesso. Muitas conquistas obtidas com muita luta ao longo da história estão sendo destruídas”, afirmou.
“São 27,25 milhões de brasileiros em situação de desalento, desemprego ou trabalhando menos do que o desejado”, completou. Ele acrescentou que das 96 milhões de pessoas ocupadas, 1/3 são informais – ou seja, não têm qualquer proteção social.
Os números oficiais revelam a realidade trágica dos trabalhadores sob o governo de Jair Bolsonaro: 14,8 milhões de pessoas desocupadas, 10,1 milhões fora da força de trabalho potencial (podiam estar trabalhando, mas não estão), 5,5 milhões de desalentados, 7,6 milhões de subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas.
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